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30 junho 2010

Ao Mar

Não é inverno. O céu não está acinzentado;

Aliás, inverno é. E também roxas as nuvens estão - mas pouco importa.
Colori em invenções o mundo que desejei viver, embora ocres as janelas se cobriram.
É para isso que tenho suspiros alados
E também beijos perdidos e também braços enormes

Já que as ondas caiam longe daqui, fui para praias enormes
distantes, perdidas
Pois somente lá cabiam
minhas barcas de feltro, minhas esteiras de papel.

E alaudes e pequenos cofres de madeira puida
Dentro da caixinha um bilhete
uma rama esgarçada - Um véu, uma grinalda
Um dizer feito voz murmurada

De amores e de gestos
Sim, eis as pálpebras balançando, eis os olhares festejando
A aurora roxa.
E também a cesta onde, em miudo esgar teus olhos perdidos encontrei.

Aqui está meu pedaço de inverno
Aqui está a sibilância no retalho da minha colcha que agasalha
Sopé do vento - quebra-mar, cortina mansa.
Aqui está o alúde que não mais sabe teu nome.

A esteira na praia dorme volvida
Através do vento e erguida
Na fuligem esquecida do outono, da primavera.
No redemoinho do tempo

Aquele, este tempo
Onde dorme
Através dos séculos a miragem partida
De teu retrato nestes olhos que suspiram rente ao mar.

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