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06 março 2011
Pedrisco
(Para Tia Eda, grande amiga da minha mãe. Que me viu crescer e por quem tenho infinito amor)
E ele tinha nos olhos
uma chuvarada
chuva grande
Não dessas de derrubar barranco
de cobrir gente
molhar a rua
Ele tinha uma chuvarinha
dessas que nem amassa roseira
nem pende beija-flor
Duma dessas tão fina assim mas tão fininha
que quando cai já se vai embora
so larga no rosto um estalo de beijo beijado
como a mulher que vai andando sozinha
de roupa branca, encardida
pra perto do rio
Dessas chuvarinhas que tem prá lá de Jacobina
Prá lá de Manaus e de Belém
cinco da tarde
Na hora que a roupa tá quarando no quintal
e quando cai, cai fazendo um gemido
um gemido de quem diz - me sufoca
uma chuvarinha dessas que flor gosta
que samambaia chama
no alpendre, na memória, no silêncio eterno.
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