ladob.bento@gmail.com

31 maio 2010

Vem deitar comigo no sereno

Junto a estas folhas novas
cobertas de nervuras brilhantes:
tresloucadas e partidas,
Desgrenhados cabelos
Em mãos atônitas

Em cujas bocas anunciam vendavais
De dizeres de partidas
De acenos calados
que sequer se despedem -
Interrompido adeus

No rosto raptado.
Onde os olhos foram parar?
E por não saber, esta é minha cama
no frio da mata
na solidão gélida de ossos nus - sem braços.

Onde encontro tua própria roupa?
Manchada de sangue - Teu vestido de florzinha
duma primavera nunca mais vista.
Esta é minha quietude então
que balança, que balança no precipício azulado

Navego sem medo, vendo os olhos
Tenho guizos esquecidos pendurados nos cabelos
E ardem fios ligados na cabeça
Na cabeça pendem gritos gemendo um assombro.

Madrugada. Madrugada tardia
Na ponte de aço
Na escuma de alta voltagem. Este é o encontro
Onde suspiro noite adentro
E donde acordo, exaurido: sem teus braços.

Ao sereno da manhãzinha.

3 comentários:

  1. Clara Lerner - Curitiba1 de junho de 2010 às 17:21

    Bento, duma terna e violenta beleza.
    Bravo!

    ResponderExcluir
  2. Cláudia Pinotti - SP14 de junho de 2010 às 19:13

    Venho sempre ver seus escritos... Não fique tanto tempo tão longe!

    ResponderExcluir
  3. Bacana cara. Achei triste seu poema. Aliás, triste não é a palavra certa... Não sei dizer exatamente, mas é alguma coisa por aí.

    ResponderExcluir