Três da tarde.
Ou talvez fosse um pouco mais cedo, quem sabe madrugada.
Lembrou ter regado as plantas; deu uma volta pela casa, arrumou o porta-retrato,
corrigiu a cortina.
Fosse madrugada, sairia pelas ruas, encontraria beijos alucinados de amores convulsos. Mas o crepúsculo ainda não se anunciara.
Trocou os andrajos rotos por vestes tortas. Em escuros óculos escamoteou olhos vesgos. E construiu enorme muralha.
Parou na esquina com seus andrajos pobres e perfumados. Entrou no taxi, sumiu na fumaça da cidade poluída. passou pó na cara.
Tomou uma cerveja, passou para gim tônica. E no meio do caminho, deu uma lambida em qualquer dog cheirando a cão molhado - e nem chovia.
Voltou para casa, ajeitou a cortina. E dormiu cheirando a saliva de beijos prometidos e sussurados.
Três da tarde.
Olá Bento, estudo cinema e discutimos este seu texto em classe. Ele é carregado de imagens e possui uma força poética imensa.
ResponderExcluirEstamos doidos para que você desenvolva e dê sequencia a esta personagem.
Bento, que coisa linda... Linda mas ácida, porém, não menos belo.
ResponderExcluirTambém fico imaginando os próximos passos desse alguém. Por favor continue...