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21 julho 2009

Górecki: do urro escaldante ao silêncio ameno

Diante de pungências avassaladoras, quando o Homem se comprime em seus embates; quando é posto frente a situações que lhe são extremas (sejam quais forem).

No instante em que ombros vergam, mãos reclinam e os olhos pairam incrédulos...

Então aí sim, a música de Górecki surge como uma espécie de lenitivo. Não apresenta
nenhuma saída ou tampouco redime... Mas tem uma força que toca e dialoga com espíritos exaustos. E, embora (e de certa foma) exponha cruamene tais dilaceramentos, ao mesmo tempo eleva este espírito para outra zona, outro patamar da existência.

E assim, ao retornar, não diria que se esteja mais forte ou mais capaz. Mas a sensação indubitável é que aqueles ombros vergados, aquelas mãos caídas e aqueles olhos apagados readquirem uma outra espécie de vigor... uma leve sensação de que, ainda qu se esteja imerso no caldeirão borbulhante, uma nota adentrou o espírito. E se não curou mazela alguma, ao menos, permitiu um alento no calor insuportável de dias tão desconexos.
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Henryk Górecki, Sinfonia #3 - Opus 36
London Sinfonietta
Regente: David Zinman
Soprano Dawn Upshaw
Selo: Elektra Nonesuch

No Youtube tem uns vídeos ... alguns bem mal apropriados. Mas a música é o que vale.

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